A vasta cidade de Alba Etérea se revelava gradualmente enquanto o trio se aproximava. De longe, a metrópole mágica parecia algo tirado de um sonho — torres de cristal e pedra que se erguiam ao céu, cúpulas brilhantes refletindo o ouro suave do crepúsculo. À medida que o sol descia, um véu azul profundo cobria os céus, e a cidade parecia pulsar com uma luz própria, uma dança de feixes de magia que envolviam o horizonte.
Para Kamaria e Lirion, era como entrar em um novo mundo. Kamaria,
com suas memórias das águas profundas e da lua refletida nas ondas, sentia um
turbilhão de emoções. Alba Etérea parecia viva, quase como um ser pulsante,
alimentado pela energia de todos os que viviam e praticavam magia ali. O som
das torres de cristal ao vento criava uma melodia suave, mas poderosa, que
ressoava em seus ossos, enquanto sua conexão com as marés e a lua se
aprofundava ainda mais. Lirion, sempre inquieto e faminto por novas
experiências, sentiu sua alma se inflamar com a energia que vibrava ao redor
deles. A cidade era mais do que um lugar — era uma promessa de aventura,
mistério e poder.
Mesmo Eldrin, o sábio Aisliniano, parecia desconcertado.
Embora tivesse visitado a cidade no passado, sua natureza mística e mutável o
deixava desorientado. O fluxo de magia que permeava Alba Etérea tornava suas
ruas dinâmicas, quase vivas. Ele murmurou para si mesmo, sua mão traçando
suavemente as marcas antigas em seus chifres de cervo.
"É mais fácil perder-se do que se encontrar por
aqui...", comentou ele, sua voz carregada de uma quieta reverência pela
grandiosidade do lugar.
Enquanto os três caminhavam pelas ruas movimentadas, o
barulho da cidade começou a envolvê-los. As ruas estavam cheias de mercadores
vendendo poções, cristais brilhantes e artefatos raros. Magos exibiam truques
arcanos enquanto os transeuntes riam, crianças corriam entre os feixes de luz e
a pulsação da magia era quase palpável. Por um momento, Kamaria e Lirion foram
varridos pela magnitude de tudo aquilo.
"Eldrin... onde é a taverna de Yule?," perguntou
Kamaria, com uma leve preocupação em sua voz, seus olhos escaneando a vastidão
da cidade ao redor.
O ancião franziu a testa e olhou ao redor, visivelmente
confuso. "Eu pensei que soubesse, mas... esta cidade muda com o tempo.
Precisamos de ajuda."
Logo, Kamaria avistou um jovem com uma expressão calma e um
olhar curioso que os observava de longe. Ela acenou para ele, aproximando-se
com um sorriso acolhedor. “Você poderia nos guiar até a Taverna de Yule?”, perguntou.
"Claro!", respondeu ele com entusiasmo. "A
Taverna de Yule é bastante famosa, mas em uma cidade como esta, até os locais
às vezes se perdem." Ele riu suavemente, um som que pareceu se misturar
com a magia ao redor, e começou a guiá-los pelas ruas.
A Taverna de Yule
Quando chegaram à taverna, a fachada rústica de madeira e
pedra os cumprimentou com uma luz suave, e a porta esculpida com detalhes
complexos de lendas arcanas girou lentamente para dentro. Kamaria imediatamente
notou o calor mágico que emanava das paredes, quase como uma lareira invisível,
envolvendo-os em conforto.
O interior da Taverna de Yule era uma mistura de sombras e
luz suave, com tochas flutuantes emitindo uma luminescência delicada que
dançava pelo ambiente. As mesas redondas eram esculpidas de madeiras antigas,
que pareciam murmurar histórias de eras passadas, e tapetes encantados com
padrões em constante movimento cobriam o chão. O ar estava carregado de aromas
de especiarias raras, e a fragrância envolvente lembrava as ondas do oceano e o
frescor das noites de lua cheia, o que fez o coração de Kamaria bater mais
forte.
Eles procuraram por Yule ou Giovanni, mas a taverna estava
cheia de rostos desconhecidos. O atendente, um elfo de cabelos prateados e
olhos brilhantes como cristal, aproximou-se com um sorriso gentil. "O que
desejam, viajantes?"
"Estamos procurando Yule," começou Kamaria. "Ou
um homem chamado Giovanni."
"Infelizmente, Yule não está hoje," respondeu o
elfo, com um tom de leve pesar. "E quanto a Giovanni... bem, não ouvi esse
nome recentemente."
Kamaria sentiu uma leve decepção, mas Eldrin interveio. "Enquanto
esperamos, que tal provarmos algo local? Algo... especial."
O elfo sorriu, seus olhos brilhando com um toque de
mistério. "Sugiro a Névoa Lunar. É uma bebida antiga, famosa entre aqueles
que buscam respostas nos lugares mais ocultos de Alba Etérea."
Intrigados, eles concordaram. Pouco depois, a Névoa Lunar
foi trazida em taças finas e elegantes de cristal. O líquido prateado e
perolado parecia pulsar com uma luz suave, como se carregasse em si a essência
da lua. Sua fragrância era de uma suavidade etérea, uma mistura de flores
noturnas e maresia distante, evocando a sensação de uma noite à beira-mar sob a
lua cheia.
Kamaria levou a taça aos lábios, sentindo o líquido suave
deslizar por sua garganta como seda, com um leve toque de frutas exóticas e um
final ligeiramente amargo que despertava os sentidos. "É como... beber a
lua," murmurou, um leve sorriso surgindo em seu rosto.
Lirion, sempre o aventureiro, experimentou a bebida com um
sorriso largo. "Há calor nisso, algo familiar... mas também distante."
Enquanto saboreavam a bebida, começaram a perceber um
murmúrio crescente ao redor. A taverna estava cheia de histórias e conversas,
mas uma delas parecia captar a atenção de todos os presentes.
"Já ouviram falar do 'encantado'?," sussurrou um
homem de uma mesa próxima. "Ele aparece perto das águas da cidade ao cair
da noite. Não fala... mas seus olhos brilham como a lua. Alguns dizem que ele
traz sorte... outros dizem que é uma assombração."
O trio se entreolhou, intrigados.
"Encantado?," repetiu Lirion, inclinando-se
ligeiramente para ouvir mais. "O que ele faz?"
"Ninguém sabe ao certo," respondeu o homem, sua
voz baixando para um tom quase conspiratório. "Alguns dizem que ele só
observa. Outros... que ele espera. E há quem diga que ele está preso entre
mundos. Vem e vai como uma sombra, uma figura que ninguém consegue tocar, mas
que todos veem."
O mistério pairava no ar, e Kamaria sentiu algo familiar
nessa história, como um eco distante que chamava seu nome.
"Devemos investigar," sugeriu ela, com um brilho
curioso nos olhos. "Algo nesse 'encantado' me atrai... como se fosse parte
de algo maior."
Eldrin, sempre cauteloso, assentiu lentamente. "Se é
verdade o que dizem, talvez estejamos lidando com algo mais antigo e misterioso
do que imaginamos. Essa cidade carrega muitos segredos, e nem todos são
inofensivos."
Mas havia uma magia no ar, uma promessa de descoberta que
não podiam ignorar. O trio concordou em investigar a estranha figura,
aguardando o momento certo para desvelar o mistério que cercava o 'encantado'.
Enquanto esperavam, com os olhos atentos para qualquer sinal de Yule ou Giovanni,
sabiam que aquela noite estava apenas começando.
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