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A Melodia da lua
e a busca pela luz
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A caravana seguia adiante, e Kamaria parecia dançar entre as
árvores, seus passos graciosos ecoando uma melodia que apenas ela ouvia. A
estrada se transformava em um palco improvisado, e a voz de Kamaria surgia como
um suave cantarolar, tecendo notas no ar fresco da manhã.
O nascer do sol pintava o horizonte com tons dourados,
contradizendo o que Kamaria tinha dito. O novo dia trazia uma promessa
renovada, e os raios matinais filtravam-se através das folhas, lançando uma luz
suave sobre a estrada.
Lirion, mesmo com o braço enfaixado, não desviava os olhos
de Kamaria, que dançava como se estivesse imersa em sua própria sinfonia.
Eldrin, perspicaz como sempre, notou o olhar fixo de Lirion e preferiu
manter-se em silêncio, curtindo o espetáculo.
Preocupada, Kamaria interrompeu sua dança para se aproximar
de Lirion.
Kamaria: (com ternura) Lirion, como está se sentindo?
Precisamos trocar o curativo em seu braço.
Lirion, aproveitando a oportunidade, tentou flertar, mas de
um modo desajeitado.
Lirion: (sorrindo) Se todas as curas viessem com uma
enfermeira tão atenciosa, eu me machucaria mais vezes.
Eldrin, percebendo a tentativa de flerte de Lirion, decidiu
provocar de uma maneira poética.
Eldrin: (com um sorriso ladino) Kamaria, você é como a lua
que ilumina a escuridão da noite. Um farol de beleza em nosso caminho,
guiando-nos com sua luz gentil.
Kamaria, enquanto tratava o ferimento de Lirion, sorriu com
gratidão. Não percebeu completamente o flerte de Lirion, tratando-o como um
amigo próximo. Lirion, envergonhado, tentou desconversar com seu humor
característico.
Lirion: (brincando) Eldrin, talvez você esteja vendo demais
nas entrelinhas. Kamaria é apenas uma boa amiga cuidando de um ferimento bobo.
Para alegrá-los, Kamaria pegou seu pandeiro e começou a
entoar uma melodia enquanto cantava, representando a lua que ilumina a
escuridão. O pandeiro, em suas mãos habilidosas, seguia o ritmo do nascer do
sol.
O nascer do sol era representado por uma sequência de notas
agudas e brilhantes, como se cada toque do pandeiro fosse um raio de luz
cortando a escuridão da noite. Kamaria usava sua voz Innisiana para criar um
canto suave, acompanhado pelo som do pandeiro, que criava uma harmonia única.
Cada palavra era uma onda sonora que se espalhava pela
estrada, atraindo não apenas Lirion e Eldrin, mas também outros viajantes
curiosos que se juntavam para ouvir. A dança de Kamaria, agora em sintonia com
o nascer do sol, criava uma sinfonia que transcendia o ordinário, tornando a
jornada ainda mais especial.
Kamaria, com seu pandeiro em mãos, começa a contar a
história de um menino, cuja vida era um espelho da lua crescente, sempre
buscando a plenitude. Sua narrativa se desenrola como uma melodia medieval,
repleta de rimas e métricas que evocam os contos da tradição Innisiana:
Kamaria: (cantando suavemente)
Nas terras onde o sol beija o horizonte dourado,
Um jovem sonhador, seu destino revelado.
Nascido em humildade, sem riqueza a herdar,
Mas na alma, a ambição de nas estrelas brilhar.
Era o menino que, como a lua, crescia,
Ambições como fases, uma eterna sinfonia.
Nos olhos, o reflexo da lua brilhante,
Sonhava ser ela, o destino atraente.
"Ó lua, minha musa, rainha do céu noturno,
Quero te alcançar, romper este muro.
Construirei uma escada até teus domínios,
E serei eu, no firmamento, o novo signo."
A história de Kamaria fluía como um rio encantado,
capturando a atenção dos viajantes ao redor. Seus movimentos graciosos e a
melodia de suas palavras criavam um ambiente mágico na estrada entre Forte
Aislam e Alba Etérea.
Enquanto Kamaria encantava a caravana, Bomani, à margem do
rio Innis, começava a tocar uma choncha, um instrumento ancestral. Seus dedos
habilidosos deslizavam pela concha, produzindo notas que se misturavam ao som
da água corrente.
Kamaria:
Pelos bosques e montanhas, ele viajava,
Recursos escassos, mas a vontade não se apagava.
Com mãos habilidosas e coração destemido,
Tecia o sonho, nos céus queria ser ouvido.
Cada degrau, um passo rumo ao inalcançável,
A lua observava, o menino incansável.
Noite após noite, a escada se erguia,
Como um poema cósmico, uma doce melodia.
As estrelas cintilavam, testemunhas silentes,
Do esforço do menino, dos seus instantes.
Mas o destino, às vezes, tece tramas incertas,
E a lua, distante, não era tão perto.
Bomani, ao terminar sua melodia, reuniu os Innisianos
presentes e, utilizando os respeitosos Onoríficos, comunicou a decisão de
Kamaria:
Bomani: (com seriedade) Nobres Innisianos, ouçam-me, pois
trago notícias importantes do clã da Lua Crescente. A Herdeira Kamaria, por sua
vontade, abdicou da liderança para proteger um navio humano. Suas ações, embora
nobres, desafiam as ordens de Omu e Nia.
Innisiano Descontente: "Uma Herdeira que renuncia? Isso
é inaceitável. Desonra sobre desonra."
Innisiano Compassivo: "Mas vejam, ela abdicou para
proteger humanos. Isso é algo raro entre os nossos."
Innisiana Ancestral: "Nossos antepassados não ficarão
satisfeitos com tal decisão. A liderança deve ser forte e firme."
Innisiano Jovem: "Quem sabe, talvez Kamaria esteja
buscando um novo caminho para o clã. A mudança nem sempre é má."
Kamária:
A escada alcançava as alturas celestiais,
Sonhos entrelaçados com fios estelares.
Mas o destino, imprevisível e cruel,
Às vezes, tece a trama de um conto sem mel.
O menino, tão perto do seu desejo,
Escalava alto, mas o céu é um ensejo.
Numa noite sombria, sem lua a brilhar,
A escada tremeu, fez o sonhador titubear.
Estrelas choraram lágrimas siderais,
Ao ver o menino cair nos vendavais.
A lua, testemunha silente da despedida,
Viu o sonho se desfazer na escuridão redivida.
Bomani prosseguiu, mantendo a formalidade da situação:
Bomani: (com autoridade)
O clã da Lua Crescente, representado por Omu e Nia, exige
que Kamaria responda por seus atos de desonra. Ordenaram sua captura para que
enfrente as consequências de desafiar as ordens dos líderes do clã.
Innisiano Lamentoso: "Oh, Kamaria, o que fizeste? Agora
terás que enfrentar as consequências."
Innisiano Resignado: "As ordens de Omu e Nia são
claras. Kamaria deve responder por suas escolhas."
Innisiano Incredulamente Curioso:"Uma Herdeira sendo
capturada... isso é histórico. Imagino como será o julgamento."
Innisiana Questionadora: "Há algo mais nessa história.
Não posso acreditar que Kamaria agiria sem motivo."
**Canção de Kamaria - Parte III: Queda do Ambicioso
Menino:**
*(Kamaria, com sua voz Innisiana, continua a melodia,
abordando a tragédia na jornada do ambicioso menino.)*
Kamária:
A escada, agora quebrada, como sonhos desfeitos,
O menino desapareceu, em mistérios perfeitos.
A noite, porém, guarda sua história triste,
Do ambicioso menino que o céu persiste.
E assim, na vastidão do firmamento sem fim,
Perdeu-se o menino, na escuridão sem fim.
O sonho quebrado, a lua solitária,
Guarda a memória do menino, na noite etária.
A tristeza pairava no ar, refletida nas expressões dos
Innisianos. A diversidade de corpos entre eles, cada um uma manifestação única
da magia Innisiana, era evidente, destacando a riqueza e complexidade da raça.
Bomani: (concluindo com respeito)
Que Innis, em sua sabedoria, guie-nos diante desses
desafios. Kamaria enfrentará o julgamento do clã, e devemos respeitar as
decisões que moldarão o destino dos nossos.
O comunicado de Bomani ecoava como uma sentença proferida
pelos próprios deuses, ecoando entre as árvores e a água serena do rio Innis,
enquanto a jornada do trio se entrelaçava com as reviravoltas que aguardavam no
horizonte.
A notícia da abdicação de Kamaria reverberou entre os
Innisianos, gerando uma onda de murmúrios e expressões variadas. Alguns, de
semblantes severos, demonstravam desaprovação diante do que interpretavam como
uma afronta à tradição e às expectativas do clã. Outros, mais compassivos, viam
nas ações da Herdeira uma nobreza incomum, embora compreendessem que a situação
envolvia nuances delicadas.
A estrada entre Forte Aislam e Alba Etérea estendia-se à
frente do trio, agora envolto numa atmosfera de melancolia que a música de
Kamaria havia deixado. Bomani, enquanto se comunicava discretamente com os
guardas innisianos, ordenava que fossem cautelosos em sua busca por informações
sobre Kamaria em Porto Cantante.
Enquanto isso, Kamaria, tocada pela empatia, voltou-se para
seus companheiros de viagem, Lirion e Eldrin. Seus olhos Innisianos refletiam
sinceridade quando ela começou a falar: "Peço desculpas por trazer uma
melodia tão triste, minha intenção era animar nosso caminho. Às vezes, as
histórias que carregamos em nossos corações escapam de nós de maneiras
inesperadas."
Eldrin, com seu jeito descontraído, sorriu e respondeu:
"Não há necessidade de desculpas, Kamaria. A beleza da música está em
evocar emoções, e sua canção fez exatamente isso. Foi como um suspiro
melancólico, mas belo."
Lirion, ainda encantado pelos encantos de Kamaria, concordou
emocionado: "Sim, Eldrin está certo. Sua voz é como a lua que ilumina as
sombras, e mesmo nas canções tristes, encontramos beleza. Vamos, batamos palmas
para Kamaria, nossa talentosa contadora de histórias."
O som de palmas ecoou pela estrada, misturando-se ao suspiro
do vento e aos murmúrios da natureza ao redor. Kamaria agradeceu com um
sorriso, apreciando a compreensão e a aceitação de seus amigos. Juntos,
continuaram o caminho, agora mais leve, enquanto as muralhas grandiosas de Alba
Etérea começavam a se destacar no horizonte.
Conforme se aproximavam da cidade, uma sensação de
expectativa pairava no ar. Bomani, ao longe, indicou aos guardas innisianos que
mantivessem a discrição em suas buscas, evitando chamar atenção desnecessária.
O trio, com Kamaria à frente, Lirion ao seu lado e Eldrin na retaguarda,
avançou pela estrada rumo ao encontro de destinos entrelaçados. O sol, agora
elevando-se no céu, lançava uma luz dourada sobre Alba Etérea, onde segredos e
desafios aguardavam no coração da grandiosa capital.
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