Sangue na água
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O peso da barganha
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Kamaria,
sentindo a inquietação crescente dentro de si, sabia que algo sombrio pairava
no ar. Giovanni, ao seu lado, continuava em silêncio, ainda fraco por conta da
recuperação. Quando Peter aproximou-se com sua presença solene, ela captou o
sinal de que ele desejava falar a sós com ela. Antes de partir, Kamaria olhou
para Giovanni com doçura e o guiou até um ponto mais afastado, longe da
movimentação da cerimônia, onde uma antiga casa de pedras caídas, tomada por
musgo e cercada por árvores, oferecia sombra e refúgio.
Ela
segurou a mão dele com carinho e disse:
— Espere
aqui por mim, Giovanni. Voltarei logo. Não se preocupe. — Sua voz era
tranquila, mas havia uma urgência silenciosa que ele não pôde ignorar.
Giovanni,
ainda exausto, concordou com um aceno de cabeça. Sentiu o aperto dela
desaparecer de sua mão, e a viu sumir na multidão. Ele não conhecia Porto
Cantante, e a sensação de desorientação começou a tomar conta quando Kamaria se
afastou. O funeral havia trazido muitas pessoas à cidade, e o som abafado de
conversas e lamentos misturava-se ao vento, criando uma cacofonia sutil que o
deixava desconfortável. O lugar onde ela o deixara parecia seguro à primeira
vista, mas, conforme o tempo passava, ele começou a se sentir isolado. As
árvores ao redor se moviam lentamente com a brisa, e a escuridão que caía sobre
o cenário apenas acentuava a sua confusão.
Giovanni
olhou ao redor e percebeu que não reconhecia o caminho. A antiga casa de pedras
não lhe dava nenhuma referência de onde ele estava. A dor e o cansaço pesavam
em seu corpo, e ele se sentia impotente. A multidão começava a se dispersar, e
as poucas figuras que passavam pareciam indiferentes à sua presença. Por um
instante, ele pensou em procurar Kamaria, mas rapidamente desistiu da ideia,
sabendo que seu corpo não aguentaria uma busca.
Ele se
apoiou em uma das paredes da casa de pedra e suspirou, o calor do esforço
físico intensificando sua fraqueza. Com um leve sorriso irônico, pensou em como
tentou instintivamente protegê-la antes, sem sequer ter forças para proteger a
si mesmo.
Enquanto Giovanni se esforçava para manter a calma, Kamária seguiu Peter em
silêncio, o eco dos últimos cantos fúnebres ainda pairando no ar enquanto eles
se afastavam da multidão. O som suave do rio corria ao lado deles, trazendo uma
sensação de calma aparente, mas ela sabia que algo sombrio estava à espreita. A
cada passo que dava, a barganha com o alquimista tanniano, Astar, pesava mais
em seu peito. "Salvei Giovanni", pensou, mas a que preço?
Quando
finalmente chegaram à margem do rio, a lua brilhava acima, refletida na água,
como se vigiasse o que estava por vir. Peter parou e se virou para ela, o olhar
sério, os olhos fixos nos dela, como se tentasse ler sua alma.
— As
águas de Innis estão inquietas — ele disse, com um tom grave, quase sussurrado.
— Não é apenas a cerimônia... algo maior está acontecendo. E você está no
centro disso, cabelos perolados.
Kamária
sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A menção ao seu envolvimento a fez
recordar de todos os momentos em que ela sentiu a tensão nas águas, as vozes
dos afogados, o aviso não dito de que algo estava errado. Mas como poderia
falar disso em voz alta? "Giovanni nem faz ideia do que está em
jogo", pensou, seus sentimentos conflitantes a puxando em direções
opostas.
— Eu sei
que algo mudou — respondeu ela, tentando manter a calma na voz, mas não
conseguindo esconder a preocupação. — Desde que Giovanni foi envenenado... eu
sinto que há uma tempestade se formando. Mas não sei o que Astar vai pedir em
troca. Ele ainda não disse.
Peter
assentiu lentamente, seus olhos observando as águas.
— Os
afogados — ele murmurou, com um tom ainda mais baixo —, eles sentem o
desequilíbrio. Eles estão agitados, Kamária. Isso não é apenas sobre uma vida
salva. Há mais em jogo aqui, algo que ainda não foi revelado. Eles estão
inquietos porque algo grande está por vir.
Kamária
mordeu o lábio, o silêncio pesado entre os dois. "Será que fiz a escolha
certa?", pensou ela. O preço ainda não havia sido cobrado, mas cada vez
que pensava no que poderia acontecer, seu coração se apertava. A ideia de
perder suas habilidades, de ser separada da magia e da conexão com Innis, a
aterrorizava. Mas ela também sabia que a barganha já havia sido feita.
Peter
quebrou o silêncio, sua voz suave, mas cheia de significado.
— A
música... no festival... entre você e Giovanni — ele disse, seus olhos
voltando-se para ela, agora mais gentis. — Foi tocante, uma conexão profunda.
Mas... — ele hesitou por um instante, como se ponderasse as palavras certas —,
há algo mais. O que você fez para salvá-lo está perturbando o equilíbrio. As
águas não esquecem, Kamária. E o preço que você vai pagar... ainda está à sua
espera.
Ela
engoliu em seco, tentando manter a compostura. O olhar de Peter parecia ver
através dela, como se pudesse perceber o peso de cada decisão que havia tomado.
"Eu fiz isso por ele. Para mantê-lo vivo", ela pensava, lutando
contra a dúvida que crescia em seu coração. Mas quanto mais ela pensava nisso,
mais percebia que o preço poderia ser maior do que ela estava disposta a pagar.
— Astar
ainda não disse nada — ela repetiu, mais para si mesma do que para Peter, como
se tentando encontrar alguma segurança nesse fato. Mas a incerteza de quando a
cobrança viria era ainda pior do que o próprio ato de barganhar.
Peter
permaneceu em silêncio por um momento, observando-a com uma expressão de
compreensão. Ele não pressionaria mais. Kamária estava em uma encruzilhada, e
ele sabia que qualquer passo em falso poderia levá-la a um caminho
irreversível.
— Seja o
que for que Astar pedir — ele finalmente disse, com a voz mais suave agora —,
esteja preparada, Kamária. As águas de Innis estão inquietas... e isso nunca é
um bom sinal.
Kamária
assentiu, a tensão no ar entre eles aumentando à medida que as palavras de
Peter se assentavam em sua mente. Ela sabia que ele estava certo. Algo estava
em movimento, algo muito maior do que ela podia entender. E, ainda assim, havia
uma parte dela que acreditava que, independentemente do que acontecesse, ela
encontraria uma maneira de seguir adiante. Mesmo que o preço fosse alto demais.
Enquanto
a lua iluminava o rio e o vento soprava suavemente nas árvores, Kamária se
despediu de Peter com um olhar silencioso de gratidão e respeito. Ela sabia que
o destino a aguardava, e a única certeza que tinha era que, uma vez que o preço
fosse pago, nada mais seria o mesmo.
Enquanto
isso, Giovanni permanecia na escuridão crescente de Porto Cantante, sozinho e
perdido em meio à multidão que começava a dispersar, com a sensação crescente
de desamparo.
Giovanni permanecia onde Kamaria o havia deixado, próximo à antiga casa de
pedra coberta de musgo, seus olhos percorrendo o cenário ao redor sem
reconhecer nenhum ponto familiar. Ele sentou-se próximo à casa de pedra,
apoiando-se contra a parede úmida coberta de musgo. A cidade estava silenciosa
agora, com apenas alguns sons dispersos da cerimônia se dissipando à distância.
Ele respirou fundo, sentindo uma leve dor no peito, resultado de sua
recuperação ainda inacabada. O desconforto crescia à medida que ele olhava ao
redor e percebia que não reconhecia nenhum ponto de referência.
“Quanto
tempo já passou?”, pensou, passando os olhos pelo caminho à frente. Kamária
havia pedido que ele esperasse, mas a ausência dela parecia se prolongar mais
do que ele esperava. O ruído suave das árvores ao vento era reconfortante, mas
a mente de Giovanni começava a vagar para lugares incertos.
Enquanto
tentava manter a calma, algo dentro dele começou a se agitar, uma sensação
desconfortável de que ele estava completamente vulnerável. “Estou em um lugar
estranho, sozinho...”, pensou. Mesmo que soubesse que Kamária voltaria, não podia
evitar o crescente desconforto. Seus pensamentos o levaram de volta ao que
tinha acontecido—ao veneno, à morte que quase o levou. Por um momento, sentiu o
coração acelerar.
Foi
quando ele ouviu passos pesados se aproximando. Sua atenção focou-se imediatamente
no som. Os passos eram firmes, cadenciados, cada um batendo contra o chão de
terra com uma presença palpável. Giovanni se endireitou instintivamente, seu
corpo ainda fraco, mas agora em alerta.
Então,
ele o viu. Um homem alto e corpulento, com cabelos ruivos e barba bem aparada,
caminhando em sua direção. Giovanni sentiu os olhos do estranho o perfurarem
com uma intensidade desconcertante. Havia algo nos olhos daquele homem, um azul
profundo que transmitia mais do que palavras poderiam dizer. Mas o silêncio que
acompanhava o olhar era perturbador. Giovanni sentiu um arrepio involuntário
correr pela espinha.
“Quem é
esse?”, pensou, seu corpo ficando tenso. O homem parou a poucos metros dele,
sem emitir um som, apenas mantendo o olhar fixo. A tensão no ar se tornou quase
palpável. Giovanni tentou se recompor, mas a situação o desestabilizava cada
vez mais.
— Você
está... me encarando por algum motivo? — Giovanni finalmente quebrou o
silêncio, a hesitação evidente em sua voz. Ele esperou uma resposta, mas o
homem continuou em silêncio, como se não tivesse ouvido ou como se escolhesse
não responder.
A
ausência de palavras o incomodava profundamente. Giovanni franziu o cenho, sua
mente correndo em círculos. “Por que ele não fala? O que ele quer?” A inquietação
crescia a cada segundo. Ele sentiu uma mistura de frustração e incerteza tomar
conta, e a sensação de impotência voltou, trazendo consigo um leve tremor nas
mãos.
Giovanni
tentou novamente, forçando-se a falar com mais firmeza.
— Kamária
te conhece? — Ele perguntou, com a esperança de que aquilo quebrasse o silêncio
insuportável.
Nada. Nem
uma palavra. Apenas o mesmo olhar fixo, aquele azul profundo que o observava de
uma maneira quase perturbadora. Giovanni começou a duvidar se o homem falava ou
até se entendia o que ele dizia.
Cada
segundo de silêncio parecia estender-se como uma eternidade. Ele tentou
controlar a respiração, mas o desconforto o deixava tenso. O homem deu um passo
em sua direção, e Giovanni, em reflexo, recuou levemente. Seu corpo, ainda
fraco, mal suportava o estresse da situação, e ele sabia que, se precisasse,
não teria força para se defender.
Os olhos
azuis do homem o atravessavam como lâminas silenciosas, enquanto Giovanni,
ainda fraco, sentia o peso daquele olhar crescer em sua pele. Não havia
violência explícita nos gestos do ruivo, mas o silêncio prolongado e a
intensidade do encontro o faziam recuar um passo, o corpo respondendo com um
arrepio involuntário. Giovanni apertou os punhos, tentando afastar a sensação
de vulnerabilidade que se espalhava em seu peito, enquanto o homem continuava a
observá-lo sem uma única palavra.
Mas o
estranho não fez mais nenhum movimento agressivo. Em vez disso, depois de um
momento que pareceu durar horas, o ruivo desviou o olhar, como se sua missão
ali estivesse cumprida. Ele se virou e começou a se afastar, os passos tão
firmes quanto quando chegou.
Giovanni
ficou ali, imóvel, observando-o partir. O desconforto ainda presente, mas a
tensão lentamente se dissipava. Ele sentiu uma estranha mistura de alívio e
confusão, sem entender completamente o que havia acabado de acontecer. Quem era
aquele homem? E por que sua presença o afetara tanto?
Giovanni
tentou organizar seus pensamentos, mas o cansaço e a fraqueza em seu corpo o
impediam de se concentrar por muito tempo. O silêncio voltou, mas agora parecia
mais pesado, como se houvesse algo no ar que ele não conseguia identificar.
Giovanni fechou os olhos por um momento, exausto, e apenas esperou.
Enquanto
isso, Kamária terminava sua conversa com Peter. Os dois estavam um pouco
afastados, em uma área coberta de sombras projetadas pelas construções do
porto. Peter, com a ocarina nas mãos, tocou brevemente uma melodia suave, como
uma despedida silenciosa para a cerimônia que acabara de presenciar. Ele olhou
para Kamária, seus olhos penetrantes, como os de um sacerdote que via além das
superfícies do mundo.
— Foi
lindo o que você e ele fizeram durante o festival, Kamária — Peter comentou,
sua voz baixa e tranquila, referindo-se ao momento de comunhão que ela havia
tido com Giovanni. — A música, os sorrisos, a harmonia... foi tocante. Mas... —
Ele fez uma pausa, seu semblante tornando-se mais sério. — Não posso ignorar os
afogados. Eles continuam a nos atormentar, e eu sinto que tudo está conectado.
Algo grande se aproxima, e você está no centro disso, cabelos perolados ou não.
Kamária
franziu o cenho, sentindo o peso das palavras de Peter, mas não respondeu de
imediato. Ela sabia que, por mais sábio que ele fosse, nem ele entendia
completamente a profundidade do que estava por vir. O destino a chamava, e o
eco daquela escolha estava apenas começando.
— Eu sei,
Peter — ela finalmente murmurou, suspirando enquanto observava a brisa que
balançava as folhas ao redor. — Mas nem tudo está sob meu controle.
Peter
assentiu, um último olhar significativo entre eles antes de se virar,
desaparecendo na multidão que ainda se dispersava após o funeral. Kamária ficou
ali por um momento, o silêncio caindo ao seu redor como uma cortina pesada. Ela
sabia que seu próximo passo a levaria a lugares sombrios, mas não havia como
voltar atrás.
Quando
ela retornou ao lugar onde havia deixado Giovanni, encontrou-o sentado, ainda
um pouco abatido. Ele olhava ao redor com os olhos pesados, tentando se
orientar, mas claramente perdido na imensidão de Porto Cantante, um local
desconhecido para ele.
Kamária
se aproximou em silêncio, e Giovanni, ao vê-la, suspirou aliviado, relaxando o
corpo ao sentir sua presença novamente.
— Achei
que tinha me perdido por aqui — ele admitiu, com uma risada fraca, sua voz
ainda tingida de exaustão.
Kamária
se abaixou ao lado de Giovanni, oferecendo um sorriso suave, mas ele sentia
algo diferente no olhar dela. Havia um peso silencioso, como se ela carregasse
um fardo invisível, algo que ele ainda não compreendia por completo.
— Está
tudo bem. Eu estou aqui agora. — A voz dela era reconfortante, mas Giovanni
sabia que as palavras dela escondiam mais do que apenas uma tranquilidade
superficial. Ele sentia que algo havia mudado, como se a distância que ela
havia mantido não fosse apenas física.
Por um
momento, eles ficaram em silêncio, o vento noturno acariciando seus rostos,
trazendo consigo o murmúrio distante do rio e os sussurros das árvores.
Giovanni olhou para Kamária, observando a maneira como a luz da lua refletia
nos seus cabelos perolados, iluminando o rosto dela com um brilho quase etéreo.
— O que
você não está me dizendo? — ele perguntou, a voz baixa, mas firme. Giovanni não
era tolo, sabia que Kamária carregava um segredo, e a preocupação por ela
começou a pesar em seu peito.
Kamária
desviou o olhar, fitando a escuridão além das árvores. Respirou fundo, como se
buscasse coragem nas profundezas do ar frio.
— Não é
algo que eu possa te explicar agora, Giovanni — ela respondeu, sua voz suave,
mas carregada de tristeza. — Há coisas que você não entenderia... não porque
não é capaz, mas porque esse caminho não pertence a você.
Giovanni
franziu a testa, tentando processar aquelas palavras. Ele sempre respeitara o
espaço dela, mas, naquele momento, a sensação de impotência o corroía. Ele sabia
que Kamária havia feito algo por ele, algo grande, e, mesmo sem entender as
complexidades do que envolvia aquela barganha, sentia que era sua culpa.
— Isso
tem a ver com o que aconteceu comigo, não tem? — ele insistiu, sua voz agora
com um leve tremor de culpa. — Você... fez algo, arriscou algo, por mim. E
agora está pagando o preço.
Ela o
olhou com uma expressão suave, mas firme, segurando a mão dele com delicadeza.
Havia ternura nos gestos dela, e Giovanni sabia que a conexão entre eles ia
além de qualquer dívida ou sacrifício.
— Eu
escolhi esse caminho, Giovanni — ela disse, seus olhos brilhando com uma
mistura de amor e determinação. — O que eu fiz, fiz por vontade própria, e
faria de novo, se precisasse. Você está vivo, e isso é o que importa. Não há culpa
nisso. Mas... o que vem agora é meu fardo. Não o seu.
Giovanni
apertou a mão dela, recusando-se a aceitar essa divisão. Ele se sentia fraco,
incapaz de proteger Kamária daquilo que se aproximava, mas uma parte dele sabia
que ele não poderia simplesmente observá-la carregar tudo sozinha.
— Não
quero que você carregue isso sozinha — ele disse, os olhos fixos nos dela, a
voz carregada de uma vulnerabilidade que ele raramente deixava transparecer. —
Talvez eu não entenda esse mundo... a magia, a barganha, tudo isso... mas eu
sei o que é estar ao lado de alguém. E estou ao seu lado, Kamária, mesmo que eu
não possa lutar como você.
Kamária
sorriu, um sorriso pequeno, mas cheio de significados ocultos. Ela sabia que
Giovanni ainda tinha um longo caminho para entender tudo o que estava em jogo,
mas o fato de ele estar ali, com ela, era suficiente.
— Eu sei
— ela respondeu, com uma suavidade que acalmou o coração de Giovanni. — E isso
é tudo o que preciso de você agora. Apenas esteja aqui... comigo.
Giovanni
sentiu o peso daquelas palavras, como se, mesmo em sua fragilidade, ele fosse
uma âncora para ela. Ele não precisava entender tudo naquele momento, mas sabia
que, enquanto estivesse ao lado de Kamária, eles enfrentariam qualquer coisa
juntos.
A lua
continuava alta no céu, e o som distante das águas de Innis parecia ecoar as
emoções silenciosas que fluíam entre eles. Giovanni, mesmo cansado e ainda
convalescendo, sentiu um novo tipo de força emergir de dentro. Não era física,
mas algo mais profundo, mais duradouro.
Eles
permaneceram ali, lado a lado, por mais alguns momentos, deixando que o
silêncio falasse por eles, antes de finalmente se levantarem. O caminho à
frente seria difícil, mas, juntos, estavam prontos para enfrentá-lo, mesmo sem
saber o que o futuro lhes reservava.
Kamária
olhou uma última vez para as águas do rio Innis, sabendo que o peso de sua
barganha logo cairia sobre ela. Mas com Giovanni ao seu lado, e a conexão com a
deusa ainda pulsando dentro dela, sentiu que, de alguma forma, encontraria uma
forma de seguir adiante.
Mesmo que
o preço fosse alto.
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